Tenho as estrelas por telha
O meu tecto um velho barco
Por paredes a maresia
Espreita-me o arco-da-velha
Como se a velha e o arco
Me fizessem companhia
O corpo já não reclama
Os colchões de pedra dura
A que está habituado
Mas por dentro há uma chama
Que arde viva e segura
No meu sangue revoltado
Quando chega o vento aflito
Contra os vidros da janela
Do quarto que não conheço
Sopro para o infinito
Apago a última estrela
Logo depois adormeço