Deixem-me ser assim
Fadista como sou
Ser voz de mar tranquilo
Ser voz de noite calma
Deixem-me ser jardim
Que em mim se cultivou
Onde a seiva da voz
Transforma a flor em alma
Deixem-me ser assim
Apenas como sou
Ser onda que alcançou
A praia desejada
Não me gritem decretos
Que um dia alguém criou
Não sou palco de versos
Sou eu ou então nada
Por isso é que renasce
Em todos os meus fados
No ventre cristalino
Dum sol que não tem fim
Jamais cantarei preso
A gestos estudados
Não trago o fado à vista
Mas sim dentro de mim