Nasci debaixo de árvore naquela serra mineira
Meu pai foi peão paulista, minha mãe foi boiadeira
Passei a infância na estrada das campina brasileira
No lombo de burro bravo foi a minha brincadeira
Recebi um telegrama da fazenda do Matão
Pra amansá uma mula preta que matou cinco peão
Pagava dez mil cruzeiro, aceitei a condição
Arriei meu burro baio, amigo de diversão
A rainha camponesa era filha do patrão
Que me falou caçoando pegando na minha mão
Eu me caso com você, sorriu pro outro peão
Só te dou a mula preta se ocê não caí no chão
Já abotoei a chilena, minha espora sangradeira
Amontei na criminosa, mandei abri as porteira
Descemo ladeira abaixo misturado com a poeira
Vortei no passo da mula, entreguei pra fazendeira
A morena me abraçou, chorando pediu perdão
Que quero casar contigo, na hora eu falei que não
Só quero meu ordenado, já cumpri com a obrigação
Me descurpe, camponesa, vou pra minha profissão
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)