Sou gaúcho do Rio Grande,
dos gaitaço e dos galpões,
recozido nos fogões
e temperado na fumaça,
faço parte de uma história,
rebuscada na memória
dos que são da minha raça,
já pealei touro em mangueira,
fiz rodeio e campereada,
levantei de madrugada
pra escutar o galo cantando.
Assim fiz a minha vida,
tenho amor por esta lida
e deste jeito eu vou levando
Oigalê lida campeira que, a cavalo na vaneira,
vem marcada no compasso,
traz a história e a vivência do gaúcho da querência
retratada passo a passo.
Procurei fazer em versos as riquezas da campanha
pra mostrar pra quem não viu
o sistema campejano do índio xucro e aragano,
no garrão do meu Brasil.
Trago atado na presilha
a tradição da minha gente,
corre em mim uma vertente
que transborda em pensamentos
e origina mananciais
de costumes regionais,
que se expande aos quatro ventos.
Essa xucra ressonância
reconfirma o modelo
do gaúcho puro pêlo,
das estâncias do Rio Grande
e conserva essa cultura
de um campeiro "alma pura",
em qualquer lugar que ande.