Quando as asas da masmorra extrapolam a carga do tédio
E a nata da escória fere o stricto sensu da Justiça,
E da pedra germina o homo sapiens sem anestesia,
E da missão faz-se o poeta endêmico de venturas:
É tempo de resistir, é tempo de transmitir,
Voz e verso, ao chão que nos pisa
POESIA, descarrego ou magia?
Ouvidos surdos à própria boca
Suprema nudez vestida de estética frenética
Com o suave canto que Deus pelo Universo embalou:
Colóquio versado expelido dos braços do pensamento
Vivificando cada morte do câncer social
POETA, Ser indomável, abstrato absorto,
Mendigo tal o perfume do sonho, da utopia,
Livre arcabouço desprovido de preconceitos,
Que faz da vida um grito, imune à censura,
Quando do lixo constrói o luxo das palavras,
E delas o verso e deste o embrião das estrofes
Na simbiose Transcendente que o mundo embeleza
Seu Ego é um "tempo-espaço" algures,
Habitado alhures na metéria "Igualdade e Liberdade",
Onde tudo é branco e ecológico desde o negro?
Onde o "nada" é esotérico, mas fere a expressão
Como o "tudo", translúcido e opaco
POETA e POESIA, união da máquina ao sentimento
Para impor coerção aos dogmas radicais:
Amor, fidelidade e compreensão
Átimo eqüidistante da vida-passagem-saudade
Quando despidos de lógica
Na premissa irreverente do cantar,
Cujo teor à burocracia aposenta o anonimato
De crianças adultas e se transplanta
Aos discos-voadores, a prosopopéia e a sensibilidade,
Mostrando que todos são gente mutuamente:
Loucos, bêbados, mendigos, delinqüentes,
Prostitutas, viciados, artistas e magos
- Gotículas do arco-íris social,
Transpirando em versos o todo que são: resto!
Resto do silêncio escrito em gritos
Concretizando emoções!
AVESSO: energia do elo POETA-POESIA
Enquanto as chagas da desmistificação
Ostentarem o inexorável das bocas faladas
O verso será faca, será lágrima, será revelia
Dilacerando o "proibido" à contramão?
Enquanto o padrão não descarrilar
Cabeças imortais, mas vivas,
Que repelem interfases do todo - nós!
Os poetas gritarão à noite da emoção:
- Bom-dia!