Vó na varanda da casa antiga,
Contava histórias que ouviu contar.
Sempre a certeza que o herói viria,
Salvar a moça bem no final.
Luar lá fora, gritos cantando,
Vida passando sem avisar
Sol na janela, quem poderia
Dizer que um dia ia terminar?
Pedra de fogo, saltando n’água
Lembrança viva neste meu cantar
Sonho moleque de infância pobre,
Riqueza é o riso que se pode dar
Lá no remanso lavei meu rosto,
Bebi da fonte melhor que há.
Cheiro de terra, se é sol e chuva,
Casa viúva em algum lugar.
Roda do tempo, gira em silêncio
Leva por diante tudo ao passar.
Da casa antiga já nada existe,
Só ainda resiste no meu olhar.