Quem diz que o meu canto é impuro
por olhar além das fronteiras,
desconhece de alguma maneira
passado, presente e futuro.
Não ando em cima do muro,
nem me levam ao sabor dos ventos.
não tenho arrependimentos
porque cantar é muito mais.
Todos e todas são iguais
tal qual os quatro elementos".
Em toda a cantiga que faço
de cantador e violeiro,
há um pajador e guitarreiro
mesclando rima e compasso.
O mundo se agranda no espaço
e o céu se faz amplidão,
milonga é coração,
verdade e sentimento.
Que compõe os elementos
do universo da canção.
Canto na pampa e no sertão,
chapadas e igarapés,
cateretês, chamames,
trago junto com o violão.
Canto a tristeza do peão
e a saga dos campesinos.
do continente latino
corre sangue nas veias.
De um "gaucho" que estradeia,
construindo o seu destino.
Pelos rincões mais distantes
onde nascem as lonjuras,
sempre cantei de alma pura,
alegrei meus semelhantes.
Me vi naqueles semblantes,
na dor que desespera,
gente expulsa da terra
arrancada com a raiz.
N'outra ponta do país
um país de outras eras.
E assim se despede um guitarreiro
formado na escola da vida,
aprender é sempre a medida
para ensinar por inteiro.
Pois não me sinto estrangeiro
nem sequer por um segundo,
todo o solo é fecundo
por tudo que acredito.
E é pori isso que insisto:
minha pátria é todo o mundo!