Maria nasceu á noite,
Banhada pela geada.
Com gritos de quero-quero,
Em meio de risos e festas.
Nobre filha do patrão,
Espanhol, sangue nas veias
A charqueada era o mundo,
E o mundo o fim da estrada.
Até onde a vista alcança,
Pois o sonho alcança mais.
Maria cresceu faceira,
Moça alegre, corpo quente.
Leite de mãe preta,
Lhe moldou o coração.
Carne, sal, mula, carreta,
Carne escrava sob o sol.
Sal, salmoura e chibata,
Carreta, junta de boi.
Vela branca, mar aberto
Outras terras, além-mar.
Maria, moça é negócio
Pra mais de mil patacões
Seus sentimentos importam!
Marias não têm opiniões...
Felipe Soares Souza,
Espada, dinheiro, ambição.
Velho mocho, corpo frio,
Na cama perdeu o poder
Com mulas caminhadeiras,
Meu Brasil, minha Banda Oriental.
Maria viveu triste,
Dominando sentimentos
Destruindo a mulher
Que havia dentro de si.
Carne, sal, mula, carreta,
Carne escrava sob o sol.
Sal, salmoura e chibata,
Carreta, junta de boi.
Vela branca, mar aberto
Outras terras, além-mar.