Quando o dia amanhece,
Vem de encontro à afirmação.
E de todo o coração
É algo que não se esquece.
Cai a tarde e anoitece,
Permanece a certeza,
O fim de toda a pobreza
E acabar todo o tormento.
Não quero o cinza cimento,
Quero o verde natureza.
Labirinto das cidades,
De confusas avenidas.
Entre ruas contorcidas,
Gente de toda a idade.
Pedintes de caridade
Sob os olhos da frieza.
Fome desmente riqueza
E quem não tem sentimento.
Não quero o cinza cimento,
Quero o verde natureza.
Na pressa dos caminhantes,
Indo pra todo o lugar.
Tem migrantes a chegar,
Vindos de muito distante.
Brasileiros-retirantes,
Deixam a terra com tristeza.
Quando falta o pão na mesa,
Chora de fome o rebento.
Não quero o cinza cimento,
Quero o verde natureza.
Distante está a cidade,
Cidade longe do campo.
Sem a luz dos pirilampos
Luminoso é claridade.
E nesta desigualdade
Quem pode usa firmeza.
Nenhuma delicadeza,
Tudo é dor e sofrimento.
Não quero o cinza cimento,
Quero o verde natureza.
É preciso andar no mundo
Pra entender o que é a vida.
Pois morrer ninguém duvida,
Viver acima de tudo.
Não podemos ficar mudos,
Necessário é ter clareza.
Somos lamparina acesa,
Terra é vida e sustento.
Não quero cinza cimento,
Quero o verde natureza.