Segunda-feira, 9 da manhã, 21 de Março de 1988
Afoito, corre um pai de vinte e poucos anos
Pra receber um presente que ainda num tava nos planos
A mãe, a mais bela rainha, de pele escura
Obra de arte onde Deus tem assinatura
E o choro da criança era um lindo coro pro momento
Michel, diz a certidão de nascimento
Olhos marejando, promessa pro amanhã
Que o amor sustentaria mais que leite NAN
E o pai achava esse vai ser ponta de lança
Uns três quilo e meio de esperança
Fi de capixaba com uma paulistana
Neto de mineiro e uma vó baiana
Tempero que por irônia me fez chei de timidez sim
Pretim, quétim, por fim
Com os pai separado, estranho no ninho
Aos onze já viajava pra Minas sozinho
Talvez o fato d’eu falar tão pouco outrora
Seja o motivo d’eu ter tanto pra dizer agora
Quem nasce em meio a batalha é normal que se torne valente
Quem cresce sem nome ou medalha já sabe, se anda pra frente
Porque o tempo não para (não para)
O tempo não pode parar
Segunda-feira, 9 da manhã, de um ano qualquer
Bom dia Vietnã, to de pé
Tudo mudou aqui
E meu trabalho agora é por pra fora as palavra que nas antiga não queriam sair
O tempo urge, os dias cantam
Pensar na infância tem me rejuvenescido, igual Benjamin Button
Pivete quer crescer, ser homem
Mas se arrepende quando vê que só fala com a mãe por telefone
Difícil ouvir seu irmão dizer: mais fácil o Papai Noel chegar do que você
É quente, só que tudo que tô fazendo é pela gente
Pode pá que cê entende lá na frente
Falo de decisão pra valer
Não sobre a roupa que cê vai usar, sobre a vida que cê vai viver
Pé no chão, vivência
Pra ver se sua história acaba em interrogação ou reticências
Quem nasce em meio a batalha é normal que se torne valente
Quem cresce sem nome ou medalha já sabe, se anda pra frente
Porque o tempo não para (não para)
O tempo não pode parar
Pra iluminar ruas e livrar réus
Dando voz a nossa vez, rasgar véus
De segunda a segunda-feira