Minha viola de pinho
Guarda todo meu tormento
Hoje nada me consola
Minha vida é um sofrimento
Eu não sei o que é que acaba
Esse meu padecimento
Eu escrevi o teu nome
No braço dessa viola
Escrevi no coração
Um coração que te adora
Morena você não lembra
Deste bem que ainda chora
Eu comparo a minha vida
Como um triste canarinho
Que cantando vive preso
Retirado do seu ninho
Assim eu vivo, morena
Sem amor e sem carinho
Me alembro daquele tempo
Que tão alegre eu vivia
Tocando minha viola
De tristeza eu não sofria
Hoje tudo demudô
Vivo numa tirania
A minha morada véia
De uma porta e uma janela
Eu fico horas inteira
Fechadinho dentro dela
Você deixô por lembrança
Uma saia e duas chinela
Todo dia bem de tardinha
Debaixo duma paineira
Eu fico esperando triste
Meu sabiá laranjeira
Ele sempre me pergunta
Onde foi sua companheira?
Ela morreu, coitadinha
Eu fiquei triste a pená
Foi pro céu como andorinha
Que deixô seu taperá
Onde meu bem tá enterrado
Meu coração também tá
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)