Sexta feira dia treze
É um dia de azá
O que aconteceu comigo
Eu agora vô contá
Entrei num sobrado véio
No meio da escuridão
Essa casa era afamada
Diz que tinha assombração
Uma voz falou pra mim
Ói que eu vou caí daqui
Eu então me encorajei
E falei, pode caí
Escuitei logo um baruio
De uma coisa que caiu
E apesar de ser valente
Eu senti um calafrio
Primeiro caiu as perna
E despois caiu os braço
Sempre que dizia, eu caio
Já caía mais um pedaço
E os pedaço ia juntando
Formando um corpo di pé
Por fim caiu a cabeça
E formou-se o lucifér
Quis gritá fartô a fala
E o meu corpo estremeceu
Quando arregalei os zóio
Minha vista escureceu
E quando a vista vortô
Eu tava numa floresta
Adonde as assombração
Se arreuniram pra uma festa
Tinha um bruto bode preto
Bem assim na minha frente
O lobisome limpava
Fiapo de cuêro dos dente
Formou-se uma ventania
Com foia seca e cum pó
Chegou saci-pererê
Pulando numa perna só
Saci chegou assobiando
Muito contente da vida
Pois do rabo do cavalo
Fez uma trança comprida
Veio a mula sem cabeça
E já quis me coiceá
A porca e os sete leitão
Já chegou pra me fuçá
Eu vi tanta coisarada
Que quase louco fiquei
Mas porém pra sorte minha
Caí da cama e acordei
Sexta feita dia treze
Não tem sorte nem azá
Azá é comê e dormi
Com a barriga pro á
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)