(“conversa entre Raul Torres e Serrinha”)
A vida de violeiro
É uma vida sem parada
Violeiro sai de casa
Não deixa hora marcada
Muié fica reclamando
Dizendo, vida marvada
Se vai na festa com a gente
Fica logo enciumada
Eu quando quero ir sozinho
Já tenho um causo inventado
Muie prepare meu terno
Que hoje eu tô cunvidado
Muié fica resmungando
Fica levada do diabo
Num dianta ocê querê ir
Eu hoje vô desbrecado
Se eu tivé dinheiro eu vô
Viajando na jardineira
Se não tivé tenho em casa
Minha besta marchadêra
Ficá sem ir eu não fico
Eu vô de quarqué manêra
Adeus, não sei até quando
Adeus, muié resmunguêra
Eu quando chego na festa
Corro o zóio na moçada
Moça que tá de namoro
Fica logo desgarrada
Muié que tá co marido
Se esquece que é casada
Se tivé arguma viúva
Fica logo apaixonada
Afino minha viola
Pra cantar bem afinado
Primeiro verso que eu digo
Deixo tudo admirado
As mocinha dançadêra
Me fazem muitos agrado
Quando eu pego a namorá
Me alembro que sô casado
Violeiro que é casado
Não pode vivê contente
Na vorta chegando em casa
Já começa o tempo quente
Muézinha tá furiosa
Inté parece serpente
De tanto me dá dentada
A muié ficô sem dente
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)