Um ricaço fazendeiro pras bandas do Tietê
Tinha uma filha bonita, mais linda que a flor do ipê
Quando ela ia no pasto dava gosto a gente vê
O gado lhe rodeava, suas mãos vinha lambê
Se um bezerro adoecia
De tudo ela fazia, ai pro bichinho não morrê
O capataz da fazenda por ela tinha paixão
E muitas vezes tentou ganhar o seu coração
E ela sempre com jeito lhe respondia que não
Quando foi um certo dia ele fez uma traição
Querendo aproveitar dela
Matou a pobre donzela, ai sem dó e sem compaixão
Na fazenda tinha um boi que a moça tinha criado
Com leite de mamadeira por ser bezerro enjeitado
Para despistar seu crime, aquele homem malvado
Deixou o chifre do boi de sangue avermelhado
Foi falar com o patrão
Que seu boi de estimação, ai sua filha tinha matado
O fazendeiro chorando a morte da filha amada
Mandou depressa os peões buscar o boi na invernada
O boi entrou na mangueira cercado pela peonada
Pressentindo sua morte virou uma fera acuada
Igual felino sagaz
Investiu no capataz, ai lhe dando várias chifradas
Pra salvar o capataz a peonada correu
E ele agonizando contou tudo que se deu
O que ele revelou a todos surpreendeu
Nas derradeiras palavras foi esse o pedido seu
Não matem o pobre boi
Que Deus do céu me perdoe, ai quem matou ela fui eu
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)