Vejo uma nuvem de pó
Lá na curva do estradão
É poeira de boiada
Vindo lá do meu sertão
Eu vejo o boiadeiro
Montado em seu alazão
O toque do seu berrante
Machuca meu coração
Depois que a boiada passa
De novo eu fico tristonho
Então eu chego a pensar
Que tudo isso é um sonho
Eu entro no meu ranchinho
Neste deserto medonho
Choro de pranto a tristeza
Falo e não me envergonho
Eu também fui boiadeiro
E hoje eu não sou mais nada
O consolo que eu tenho
Ver a traia pendurada
Quando saio na janela
Eu olho lá na invernada
Aperta minha garganta
E a voz fica embargada
O meu cachorro campeiro
Amigo de vaquejada
Hoje também está velho
No finzinho da jornada
Estou no mesmo caminho
Sinto as pernas fraquejadas
E só terei o meu descanso
Na derradeira morada
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)