Naquela tarde de outubro quando o fogo levantou
Lá na mata do Pau D'Alho a tragédia começou
Conforme o vento batia o fogo logo aumentou
Cem léguas na redondeza todo o céu se vermelhou
Do outro lado da mata um caboclo ali morava
Vendo o fogo aproximando, sua família chorava
Aquele sertão bravio em cinzas se transformava
Pra queimar sua casinha um instante só restava
O caboclo por promessa uma vela ele acendeu
Caiu de joelho e rezou, logo um trovão respondeu
Era a voz da natureza que o seu pedido atendeu
O céu se cobriu de nuvens, na mesma hora choveu
O caboclo ajoelhado do lugar não levantou
Vendo a chuva que caía, milagre que Deus mandou
Naquele sertão em brasa com o fogo a chuva lutou
Cem metros longe da casa foi o que o fogo apagou
O caboclo por promessa uma igreja levantou
Cumprindo o poder da fé que a sua vida salvou
Quando chega o mês de outubro todo o povo em devoção
Faz novena e acende vela na capela do sertão
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)