Na minha sala de pintura amarelada
Representando a florada do ipê do meu sertão
Conservo ainda um berrante volteado
É a lembrança do passado ai do meu tempo de peão, ai
Desde criança só viajei com boiada
Passei meses na estrada de alegria e desengano
Deste caso bem me lembro como foi
A façanha de um boi ai que chamava Soberano, ai
Faz muito tempo, mas o mês ainda me lembro
Foi bem no fim de setembro quando a boiada estourou
Lá em Barretos meio dia escureceu
O Soberano venceu, um garotinho ele salvou, ai
O seu paizinho o comprou dessa boiada
Levou pra sua invernada que de velhinho morreu
O filho moço correu o Brasil inteiro
Procurando o boiadeiro e o chifre do boi me deu, ai
Eu desse chifre mandei fazer um berrante
Para ser meu ajudante no transporte de boiada
O mesmo chifre que salvou esse menino
É um berrante assassino ai dessa saudade malvada, ai