Atentei pra essa estória
Que um dia meu pai contou
Fala do valor da vida
E o caso me emocionou
Filho, se não for preciso
Nada se deve matar
Toda a vida a Deus pertence
Nós devemos preservar
Por mais simples que ela seja
Sua importância é sem par
Ativa sua memória
Presta atenção na história
Que agora vou relatar
Começou a narrativa
Eu deixei o que fazia
Pra ouvir atentamente
O que ele me dizia
No tempo da ditadura
Durante a revolução
Um homem já condenado
Escapuliu da prisão
Fugindo desesperado
E o comandante durão
Deu ordem aos seus soldados
Para trazê-lo algemado
Ou matar sem compaixão
Na porta de uma caverna
Quase pisou numa aranha
Por estar tão afobado
Naquela angústia tamanha
Mas pôde raciocinar
Com bastante sentimento
A vida desse bichinho
Vale mais nesse momento
Do que minha própria vida
Encurralado aqui dentro
Portanto é bom que viva
Pode até que me sirva
Foi esse o seu pensamento
Foi uma intuição
Do seu anjo protetor
Durante aquela noite
A aranha trabalhou
Construindo uma teia
Que fechou aquela entrada
A perseguição chegou
No romper da madrugada
O rastreador falou
Numa experiente olhada
Vamos em frente com o plano
Pois nessa lapa faz ano
Que não sai nem entra nada
Chorou lá dentro da gruta ai, ai
Uma alma agradecida
Fui salvo nesse instante
Vou de agora em diante
Dar bem mais valor à vida