O pulmão claro do mundo pulsa na escuridão
Minha sina, minha sorte, é sonhar por precisão
O pulmão claro da noite, ave de arribação
Ave, ave cantadeira, flor primeira da paixão
Canto pelo peito aberto, por mim, por nós dois
Pela ansiedade e o deserto que veio depois
Canto pela luz do dia que vicia a solidão
Pela luz que me alumia e clareia a escuridão
Canto pela nossa valsa, tão falsa, tão vil
Canto pelo nosso amor, tão primeiro de abril
Canto por tantas amarras, tantos gritos, tantos nós
Enforcando o que foi terno e calando nossa voz
O pulmão claro do mundo repousa na tua mão
O meu sul, portal pro norte, minha morte, tua canção
A justiça frente a frente, no repente da emoção
Corações que moram rentes, porta aberta pro perdão