Rio de tanto chorar
Lágrimas são o sal que há
Caem bem no mar
Realçam o doce da lagoa
Quando a alma quer sangrar
Deixo extravasar
Vazo, por considerar
Que sufocar a dor demais, magoa
Entre um mar maré de azar
E aquela ventania boa
Movo o remo no vagar
Conduzo minha canoa
O rio que em mim aldeia
Norteia todo sentimento
O pranto que se esvai na areia
Lava todo o eu por dentro!
Uma calmaria de amargar
Me impede o barco de zarpar
Qualquer brisa pode ajudar
Se der de açular a proa
Só o tempo que virá
É quem me dirá
Se o tempo de rir o chorar
Sem saber será
Pranto perdido à toa
Ou se valeu a pena
Esse rio de penas
A extravasar nas cheias
A aldeia de pessoa
O rio que em mim aldeia
Norteia todo sentimento
O pranto que se esvai na areia
Lava todo o eu por dentro!