A cinza dor que cala as nuvens
faz mover as pedras
na cidade que tudo vê
e eu já não sei bem
como comecei a ter distante daqui
o que abandonei ao relento
e as chances de que chegasse além
da canção dos trens correndo.
Seria saudade entao?
Não me lembro de um dia sequer
sem certos cortes,
que sei,
jamais irão cicatrizar.
Mas como viveria sem sentir
a garoa no rosto quando é noite
e a lua vem buscar o que lhe pertence e
atirar meu corpo a parede pra dizer
que sou mais teu que nunca
e é tão transparente
que mata quem se atreve a querer
viver sem sombra e sem medo
e ousar gritar a um mundo
que não faz questão nenhuma de escutar
o que a gente sonha em dizer.
E ser gota que sempre foi mais mar
e só esperou a hora de abraçar
o imenso gigante que sabe tudo,
porque sempre foi parte de mim,
como sempre foi minha maior vontade
saber mais que deixar tão cinza assim...