Qual suicídio, com pedras nos bolsos
Deixei afundar de uma vez,
O retrato em que pintei minhas dores
Com o próprio sangue
-que dissolvi em mil lágrimas de ódio-
e com pincéis que fiz de meus dissabores
Escuro breu me diz que agora vai
Saciar pra sempre o que jamais se satisfaz
É o inimigo eu sei, e por ser tão ruim,
Me salva de minhas próprias injurias
Refúgio ingrato, apunhala de vez
Esta crença maldita que me rasga as vísceras
Clamando vingança,
Por tudo aquilo que passou,
Por toda mágoa e rancor,
Qual adagas, cravados em sua couraça
Tal corpo fraco insiste em me suspender
Sobre memórias de não sei bem quem
È o inimigo eu sei, e por ser tão ruim
Me salva de minhas próprias injurias
Deixo-te escorrer com a água imunda
Quem caminha em direção ao final
Nas bocas perdidas e, calado,
Abandono em ti as quimeras que, tolo,
Agarrei qual braço que me prendeu à vida
Expressão pálida me deixa respirar
E busca teu algoz em qualquer outro lar
É o inimigo eu sei, e por ser tão ruim
Me salva de minhas próprias injurias
É o inimigo, eu sei quem sou