Parei pra pensar o tempo de infância
E me vi criança lá no meu sertão
Que um dia deixei e vim pra cidade
Seguindo o progresso da evolução
Que destrói a beleza e a natureza
Ainda mata o caboclo com a solidão ai
O tal de progresso que é um mal necessário
Com o seu avanço em tudo deu fim
Antigas pinguelas as pontes cobriram
Não tem mais monjolo batendo pra mim
Os grandes roçados e os cafezais
Não tem mais sinais, também teve fim ai
Asfaltos cobriram as velhas estradas
No céu formam nuvens de poluição
Nas grandes fazendas construiu indústria
Que triste angústia pro nosso sertão
Os burros cargueiros foram abandonado
Também foi trocado por caminhão ai
Malvado progresso, você me maltrata
Destruiu as matas aonde eu vivia
O inhambu-guaçú e a onça pintada
E lá na baixada a paca e a cutia
Nas altas perobas as pombas do ar
Nas grandes ramagens jacu se escondia ai
O carro de boi num canto esquecido
Seus cocões roídos, rodas cai não cai
Seguindo o progresso da evolução
Dos bois o mugido eu não ouço mais
Não escuto a voz do velho carreiro
Grande companheiro, meu querido pai ai
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)