O céu vai abrindo os olhos
E os inquietos pirilampos
Vão em busca de outros campos
Enquanto o dia aparece
Ouve-se um canto saudoso
De um sabiá primoroso
Num drama maravilhoso
Que a natureza oferece
As serranias desertas
Despertam da letargia
Para o cortejo do dia
Que se aproximando vem
Tudo é luz, paz e conforto
Até um pau d'arco torto
Pendido de galho morto
Parece vibrar também
As palmeiras abrem seus leques
Para os bafejos da brisa
Que docemente desliza
Em suas tranças doiradas
Quando o sol tinge o horizonte
O zebu desce do monte
Para vir beber na fonte
As águas paralisadas
Depois passa a madrugada
Com sua fascinação
Beija a boca da manhã
Diz adeus e vai embora
O sol um riso desata
Com os seus raios de prata
Desponta por trás da mata
Beijando o rosto da aurora