Do jeito que me contaram
Eu vou contar bem direitinho
Que um dia o pai de Suzana
Saiu passear no vizinho
Suzana ficou em casa
Companheiro era um irmãozinho
Um preto estava sondando
Dentro de um capãozinho
Aproveitou a oportunidade
Roubou a pobre mocinha
O preto disse a Suzana
Vejam todos os seus vestidos
Bem depressa e bem ligeiro
Que o momento está vencido
Que de hoje por diante
Eu vou ser o seu marido
Suzana entristecida
Dava suspiro doído
Ela se viu obrigada
Acompanhar o preto fugido
Suzana se viu no aperto
Consigo ela pensou
Ai, pegou um punhado de sal
E consigo ela levou
Deixou o sal esparramado
Por todo o lugar que andou
Papai vem seguindo o sal
E vem achar aonde estou
Justamente saiu certo
Como a Suzana pensou
O preto era indecente
Em mal estado ele se achava
Já fazia muito tempo
Que na mata ele habitava
Com a roupa toda rasgada
Quase sem roupa se achava
Cabelo estava comprido
As unhas ele não cortava
Parecia fera bruta
Que nas montanhas morava
O preto disse a Suzana
Eu sou de cor, mas sou de raça
Você vai morar comigo
E sem comer você não passa
Eu tenho o meu trabuco
Que é meu matador de caça
Não tenta fugir de mim
Este papel você não faça
Se você tentar fugir
Ai você deita na fumaça
Pra Suzana não fugir
No colo dela ele deitou
Ai, ele já pegou no sono
E seu querido pai chegou
Pôs o revólver no ouvido
Ai, um tiro ele disparou
O preto estava dormindo
Como tava ele ficou
Tava com sono pesado
Nunca mais ele acordou
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)