Eu nasci numa data feliz. Sem meu pai que eu me criei.
Quinze anos de idade eu já tinha. Quando o grupo escolar eu deixei.
Trabalhando na lida pesada. Minha mãe viúva sustentei.
Enfrentando as misérias da vida. Fui lutando e nunca reclamei.
O destino é traçado por Deus. Na luta da vida nunca fracassei.
Me ajustei foi numa comitiva. Fui ganhando só trinta por mês.
Nós viajamos lá pra Mato Grosso. Na fazenda do seu Martinez.
Meu patrão lá comprou uma boiada. Setecentos zebu jaguanez.
Na contagem o mestiço Fumaça. Escapou foi no meio de três.
Eu joguei meu laço de rodia. Lacei nos dois chifres as orelhas salvei.
Fazendeiro ficou admirado. E falou faça isso outra vez.
E mandou soltar o boi pantaneiro. Nessa hora meu laço aprontei.
Quando o bicho pulou na mangueira. Atrás dele também eu pulei.
Pra mostrar que sou guapo na lida. Foi de pialo que o boi eu lacei.
Pantaneiro rolou na poeira. Segurei nas guampas e o laço tirei.
Esta minha natureza não tem frio e nem calor.
No mato sou ventania no jardim sou beija-flor.
No campo sou cobra verde na viola cantador.
Dentro d’água sou um dourado e no laço sou laçador.