Era o meu livro e, todas as manhãs, lá se encontrava caído ao pé da cama.
É que eu dormia, enquanto o folhava.
Bendita bíblia caída ao pé da cama, rasgada.
E amassada, amarfanhada,
Porquê eu dormia enquanto a folhava.
Um dia, uma senhora perguntou-me depois de ter limpado o assoalho,
Se eu não tinha remorso de rasgar um livro tão bonito e salutar.
Não tinha, não.
Dormia sobre ela, mas não depois de ler algumas páginas.
E dormia pensando nas palavras que aquele santo livro me dizia.
Anos depois, e foram muitos anos, e foram muitas bíblias arranhadas,
De tanto que eu dormia sobre elas.
Pude exclamar a quem me perguntava:
Aonde, eu aprendi, o que eu pregava?
Dormindo.
Enquanto eu lia e imaginava
Histórias de Jesus e dos profetas,
Lendo palavras sólidas e belas.
Benditas bíblias caídas e amassadas.
Feliz eu que dormi pensando nelas.