Não tenho nada no mundo
O meu pai me desprezou
Minha mãe morreu tão moça
Minha mulher me deixou
O meu gado na invernada
Veio a peste e matou
Meu café de cinco anos
Uma geada sapecou
Depois que eu tive essa quebra
Comecei nova empreitada
Eu podei meu cafezal
Comprei gado pra invernada
Mas a sorte foi madrasta
Desta vez foi a queimada
O que eu tinha virou cinzas
Outra vez fiquei sem nada
Um restinho que eu tinha
De reserva lá no banco
Tirei pra fazer negócio
Tentei dar um novo arranco
Mas ainda não deu certo
Levei o terceiro tranco
Meu desgosto foi tão grande
Fiquei de cabelo branco
Hoje vivo conformado
Com o que a vida me deu
Pois olhando para o mundo
Há quem sofra mais que eu
Que apesar de perder tudo
Sou feliz nos dias meus
Pois não perdi neste mundo
É a fé que tenho em Deus
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)