(“Riachão das Alagoas era um famoso violeiro
Só cantava por dinheiro nas festanças lá da praça
Mas a pedido do padre, na festa de Santa Cruz
Por devoção a Jesus ele foi cantar de graça
Nessa noite Riachão quebrou toda a violeirada
E no meio da moçada pegou se engrandecer
‘Aqui vai meu desafio com esta viola no peito
Nem o diabo eu respeito se pra mim aparecer'”)
Com a arrogância do violeiro uma véia se benzeu
Com certeza ele bebeu, não sabe o que tá falando
Quando foi na fim da festa Riachão pegou a estrada
Na primeira encruziada arguém tava lhe esperando
Era um vurto que lhe disse numa voz que dava frio
‘Eu ouvi seu desafio e aqui tô pra lhe enfrentá
Minha viola que é de ouro lhe darei se vós vencê
Mas porém se vós perdê sua alma eu vou levá'
Riachão pensou em correr mais viu que não tinha jeito
Pois a viola no peito, nessa hora ouviu um estouro
O vurto tinha sumido sem dar uma explicação
Deixando com Riachão sua viola de ouro
É que a lua por milagre entre as nuvem aparecia
Clareando como um dia com o seus raios de luz
E a viola atravessada no peito de Riachão
Fez uma sombra no chão no formato de uma cruz
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)