Não tenho nada no mundo
O meu pai me desprezou
Minha mãe morreu tão moça
Minha mulher me deixou
O meu gado na invernada
Veio a peste e matou
Meu café de oito anos
A geada sapecou
Depois que tive esta queda
Comecei nova empreitada
Eu formei meu cafezal
Comprei gado prá invernada
Mas a sorte foi madrasta
Desta vez foi a queimada
O que eu tinha virou cinzas
Outra vez fiquei sem nada
O restinho que eu tinha
De reserva lá no banco
Tirei prá fazer negócio
Tentei dar um novo arranco
Mas ainda não deu certo
Levei o terceiro tranco
Meu desgosto foi tão grande
Fiquei de cabelos brancos
Hoje vivo conformado
Com a sorte dos dias meus
Pois olhando para o mundo
Há que sofre mais que eu
Que apesar de eu perder tudo
Sou feliz nos dias meus
Pois não perdi neste mundo
É a fé que eu tenho em Deus