Um dia eu estava andando no Paranoá
Eu fui comprar um galo novo e um alguidar
O vendedor me perguntou se eu queria
O penoso prá abater, negociar, ou prá criar
Que eu podia escolher no galinheiro
O mais bonito que eu quisesse
Que ele já ia pegar
Eu respondi que procurava prá Ogum
Um galo forte bem vermelho e bom cantor
Uma oferenda eu quero lhe oferecer
Com um bom charuto que eu mandei
Vir lá da terra de Fidel
Uma cerveja e muita batata doce
Muitos cravos bem bonitos
Prá entregar ao sol se pôr
Mas de repente o olho dele arregalou
Ficou nervoso, com saliva engasgou
Eu perguntei se ele tava se sentindo
Muito mal, muito cansado
Com algum tipo de dor
Se era aquilo que a gente não comenta,
Me olhou, fungando as venta,
De cara feia falou:
Escute aqui, ô do capeta, adorador!
Pois eu não mexo com essas coisas,
Não senhor!
Eu creio em Deus,
Em Jesus Cristo, Salvador
Da minha Igreja eu não me afasto
Não vendo prá pecador
Pois vade retro, Satanás,
Com seu dinheiro!
Se mande logo rasteiro!
Macumbeiro me chamou!
Ô, Macumbeiro,
Macumbeiro!
Sei que eu sou macumbeiro
Pra ninguém não nego, não!
Ô Macumbeiro,
Macumbeiro!
Mas meu São Jorge Guerreiro,
Nunca me deixa na mão.