Pitoco era um cachorrinho
Que eu ganhei do meu padrinho
Numa noite de Natá
Era esperto, bem ativo
Tinha dois zóio bem vivo
Sartando de lá pra cá
De manhã cedo quando me levantava
Pitoco é que me acordava
Com os latido sem pará
Me fazia tanta festa
Lambia inté minha testa
Chegava inté me beijá
E domingo bem cedinho
Eu pegava o meu bodoquinho
Os pelote no emborná
Pitoco corria na frente
Dando sarto de contente
Rolando nos capinzá
Era domingo de mês
Dia de Santa Inês
Tinha festa no arraiá
Minha mãe com as criançada
Tudo de ropa trocada
Na capela foi rezá
Eu fugindo por uma estrada
Com Pitoco fui caçá
Hoje dói a minha conciência
Da minha desobediência
Em não podê lhe sarvá
Pitoco latia
Latia de tanta alegria
Sem nada podê cismá
Eu tacava um pelote
Fazendo virá cambote
Um pobre caracará
De repente fiquei com a arma fria
Gritei pra Virgem Maria
Que podia me sarvá
Uma urubu das dourada
Num gaio dependurada
Tava pronta pra sartá
Pitoco ficô arrepiado
Ficô com os zóio vidrado
E deu um sarto mortá
Se combateu com a serpente
Arrepicô toda de dente
Mas não pode se sarvá
Pitoco morreu latindo
Os seus zoinho tão lindo
Foi fechando devagá
Parecia inté que ria
Da minha patifaria
De não podê lhe sarvá
E nesse mundo tão lôco
Onde os amigo são pôco
Despois que morreu Pitoco
Nunca mais achei outro iguá
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)