O pobre caboclo aqui na cidade
Sentindo saudade suspira demais
Lamenta o momento de sua partida
Da terra querida de seus ancestrais
Deixou o seu rancho no pé da colina
A água da mina da cor de cristal
Trocou o seu mundo de bela paisagem
Pela falsa imagem de uma capital
O filho caçula bastante mudado
Buscando o passado lhe pede lição
Papai me ajude fazer um trabalho
Que fale da roça, do nosso sertão
Descreva as delícias do cheiro do mato
O manso regato, as belas manhãs
Os raios de sol se apagando distante
E o canto marcante de um belo chanchão
Descreva pra mim uma roça de milho
Um macho tordilho e o gado no cocho
A linda cabocla sem usar pintura
Tão bela, tão pura, qual flor do ipê roxo
Me fale dos campos e da liberdade
Que aqui na cidade a gente não tem
Papai eu lhe digo com muito prazer
Me orgulho de ser um caipira também
O pobre matuto abraça seu filho
Os olhos com brilho e ar sonhador
Seus modos revelam doída lembrança
Do tempo da infância no seu interior
O filho porém nem sequer desconfia
O quanto judia do seu velho pai
Fazer com que ele reviva na mente
O tempo ausente que não volta mais