Soluça a estrela da espora
Com saudade do parceiro
Que riscou do boi matreiro
O lombo de fora a fora
Saudosa, lembra das outras
Miles e miles de vezes
Que atacou pontas de reses
Cercou volteadas e potras
Quantas vezes riscou pelos
De redomões e aporreados
Sem deixá-los machucados
Mas buenos nos atropelos
Apenas só provocá-los
Com toques firmes e leves
É desses momentos breves
Que se fazem bons cavalos
A saudade chora
Pela voz da espora
Que ficou na ausência
Para onde foi
Quem costeava o boi
Dentro da querência
Nas coxilhas, verdes ondas
Que se perdem mar afora
Foi companheiro nas horas
De vigilância nas rondas
Usou-a não por ser mau
Mas como acicate ao mouro
E um raio trompou no touro
Que ia tombar no perau
Alegrias, dissabores
Lidas brutais, campereadas
Bolichos e carreirada
Campo, estrada, corredores
Só deixou de acompanhá-lo
Quando ele arriou nos pelegos
Para os últimos arreglos
Tendo ali perto o cavalo