Vamo botar pra moer
Nesse negócio chamado imbolê
Vamo botar pra quebrar
Quebro daqui, você quebra de lá
Sei de mim, só um tiquinho:
Venho da lama abissal
Do cretáceo, do degelo
Eva mitocondrial
Da poeira infinita
O primeiro parasita
Da sopa primordial
Da explosão casual
Dum planeta incandescente
Do sol que Hubble não vê
Força da primeira mente
Sou do quadrante solar
Tombo do gelo polar
Meio frio, meio quente
Vamo botar pra moer...
Sou o frio trinca-dente
Dos raios e sedimentos
Pólen soprado por Deuses
Naqueles grandes momentos
Da Cordilheira dos Andes
Pedras pequenas e grandes Redemoinhos e ventos
Cria dos quatro elementos
Terra, fogo, água e ar
Porém num tô satisfeito
Quero me complementar
Com todo hélio do sol
Hidrogênio, metanol
Só pra ver no que vai dar
Vamo botar pra moer...
Sou das crateras do mar
Dum vulcão, dum asteróide
Mistura de cal e gelo
Guia de cego andróide
Do escuro abissal
Minha casa, meu quintal
Reluzente, meu ovóide
Minha íris cristalóide
Tudo olha, tudo lê
Todo planeta distante
Posso encontrar e vê
Num esticão do meu abraço
A terra toda eu abraço
Só para abraçar voce
Vamo botar pra moer...