Minha palavra é faca
Na goela do sujeito
A poesia navalha
De arrebentar o peito
Corta indo e corta vindo
No final eu tô sorrindo
Faço bonito e bem feito
Eu sou bom violeiro, Mas posso me zangar
Não venha tirar onda, Que eu boto pra quebrar
Pode vir de qualquer jeito Cantador não me encurrala
Eu enterro, boto a cruz
Ajudo a fazer a vala
Depois de bem enterrado
Volto para meu reinado
Que um rei nunca se cala
Sou perito em cabala
Escultor do universo
Minha rabeca tem força
Da turbina em reverso
Minha voz é tonelada
Meu repente é cipoada
Tome rima e tome verso
Eu, às vezes desconverso
Pra pirar toda moleira
Se não tem, invento moda
Boto pra engolir poeira
Sou galope, sou martelo
Formado desde bruguelo
Na faculdade da feira
Vou comendo pelas beira
Sopa quente em prato fundo
Devorando as letrinhas
Dum dialeto fecundo
Tenho coração de aço
Se é pra fazer eu faço
Qualquer coisa nesse mundo
Não cochilo mei segundo
A pancada é sempre essa
Preparo meu bote certo
Sem atropelo, sem pressa
Tome muita vitamina
Meu veneno contamina
Vou te levar na conversa