Surge na curva do rio
Como um ponto sombrio
A pirágua e um pescador
Quadro de rara beleza
Que a mão da mãe natureza
Pinta antes do sol se pôr
Dentro dele um corpo esguio
Com o pensamento vazio
Deslizando no uruguai
Respingado de esperanças
Vem cortando as águas mansas
Enquanto a tarde se esvai
Moldurado por barrancas
Pairam claras nuvens brancas
Se refletindo na água
E esse pescador costeiro
Correntino ou missioneiro
Vem silvando na pirágua!
Olho o horizonte dourado
E vejo o rio no outro lado
Se embelezar ainda mais
Os raios do sol vermelho
Fazem da água o espelho
Que se vê junto do cais
Tendo de fundo o infinito
Que ainda deixa mais bonito
O sol por trás do horizonte
Vai no remanso um cardume
E o vento traz o perfume
Que exala da flor do monte
Se repete todo o dia
Quando chega a ave-maria
E o sol empeça a se pôr
Esta cena campesina
Entre o brasil e a argentina
Um barco e um pescador