Lembro a minha mãe missioneira que ao ter panelas vazias
Achava o dom da alquimia e inventava o que servir
Ainda me lembro da jacuba e do pão de queijo
E da doçura do seu beijo, cada vez que ia dormir!
Minha mãe guerreira... Meu cabedal de ternura
Que escondia as amarguras, só pra não me ver chorar
Guardo os ensinos que me deu quando criança
De que a fé e a esperança, são caminhos pra trilhar!
Na minha doença, foi ela a minha enfermeira
Minha santa missioneira, que aplacava a minha dor
Ela é o meu templo, meu oratório e a minha prece
O poncho pampa que me aquece, com a lã buena do amor!
Mãe missioneira, meu rosário e catecismo
Luz índia nos meus abismos, estrela que me guiou
Graças a ti que aprendi entre a paz e a guerra
A amar tanto esta terra e também ser quem eu sou!
Mãe missioneira que pariu a nossa raça
Aos teus pés peço uma graça pro meu tupã guarani
Bugra entonada rogo ao som de mil milongas
Que Deus me dê vida longa pra poder cuidar de ti!
Mãe missioneira que domou os meus pesadelos
Traz a noite nos cabelos, nos olhos um índio véu
Filha da estirpe que amansou os mais caborteiros
Tu és um anjo missioneiro que deixou as asas no céu