Conheço seus caminhos, e seus passos pela noite
Você anda por todas as ruas onde impera os desejos
Onde afoga e esquece as dores do mundo
Em conversas vazias e goles de absinto
Quando todas as portas se fecham, só te resta
Voltar para casa e dormir enrolado
Em qualquer trapo, feito um cão faminto
Depois de rondar mais um pouco, tentando
Resistir o desejo de me ver, você se rende
Pela centésima última vez; e vem subindo á escada
Se enroscando nos passos e trombando na parede
Você vem quando já estou cansada
E não espero mais ninguém
Você bebe de mim, o último gole que resta
Esquece o mundo em meu peito
E não me pesa nada... , e ainda tenho a palavra certa
E mais o sorriso compreensivo de mãe
E as mãos delicadas de esposa carinhosa
Você se deixa iludir, e nada mais te falta
Refeita a sua autoestima, você me recompensa
Sem precisar deixar o coração
Pela centésima última vez, você desce á escada
Disposto a conquistar o mundo
Como todas as outras vezes, que você saiu por esta porta
Continuo ali onde você me deixa; adormeço sem culpa
E amanheço outra vez, Deusa de vagabundo e desvalido
Espero por você até o próximo fracasso
Até que se renda de vez
e se entrega feito um animal abatido
Então compartilharemos da mesma alma
Do mesmo fracasso, sem a hipocrisia das palavras certas