Na cadeira de balanço
Um gato silencioso e indiferente
Espero que alguém se engane
E meu telefone toque
Espero que você se lembre
Que esqueceu alguma coisa
Qualquer coisa assim: feito eu
Espero que estas palmadas
Sejam em meu portão
Espero que alguém corra da chuva
E deste frio que gela meu coração
E busque abrigo em minha varanda
Espero que alguém erre à porta
E por engano me chame por outro nome
Espero uma carta, uma resposta
Espero o caos, que põe motins pelas ruas
E me tira da solidão
Espero outros sentimentos
Espero qualquer coisa, que não seja o som
De meus passos de madrugada
Caminhando pela casa
Espero ao menos o seu ombro amigo
Serei sempre grato ao seu sorriso
Espero, esperando que amanheça
Espero qualquer coisa, que não seja amor
Amor é para os escolhidos
Amor é para poucos
Espero quaisquer sentimentos
Que por faltar outro nome, chamarei de amor
Depois, vai ver que é amor mesmo!
Espero que apareça pelo menos alguém
para que eu procure conversa
Estou farto de vida pós-moderna
Da poluição visual, solidão moderna, do relativismo
Dessa deformação de tudo
E da fábrica de notícia onde trabalho
Ouço as crianças brincando lá na rua
Para elas, viver parece tão fácil!