Nesse deserto da alma
Espero o orvalho da manhã
Espero a chuva fina
Sobre esse chão quente
No fim de uma tarde
Espero o nevoeiro de um dia frio
Espero que o vento me sopre
Para a fenda daquela pedra
Para ali esperar a chuva
E poder geminar
Nesses escombros
Nessa penumbra
Embaixo dessas ruínas
Conto com a sorte de uma gota
Escorrendo pelas pedras
E caindo da minha boca aberta
Buscando água e ar
Não é fácil germinar
Dentro dessa fenda de uma pedra dura
Sobre essa chão arenoso do deserto da alma
A virtude da paciência
É flor que germina no lodo
É a beleza nessa paisagem de morte e medo