Trago o verso galponeiro com uma linguagem singela
Que abrindo cancha na goela deste meu canto de adona
Trago alegria pro povo que vem daquela festança
Pra repartir com quem dança o que eu tirar da cordeona
Cada marca bem gaucha que vem de tempo distante
Se renasce no semblante do meu povo fandangueiro
É o rio grande festejando a velha moda que volta
Quando floreio se solta das minhas mãos de gaiteiro
Campeio a simplicidade pra cantar minha querência
Pois admiro a vivencia do taura de pouco luxo
Pode a vida dar cambota e o mundo mudar o eito
Que eu sigo do mesmo jeito e cada vez mais gaúcho
Já canto aquilo que gosto por respeito ao gauchismo
E o passageiro modismo não me faz perder a calma
E o gosto que vem comigo é nas gerações mais antigas
Pra libertar as cantigas arinconadas na alma
Aprendi que quem caminha há de vencer as lonjuras
E a noite por mais escura sempre antecede outro dia
Por isso a simplicidade reponta minha existência
E esta bendita vivencia de repartir alegrias
Chego espichando a cordeona do mesmo jeito pachola
Porque se a vida é uma escola eu vou morrer aprendendo
Mesmo que o mundo moderno me reserve pouco espaço
Não critico e não desfaço das coisas que não entendo
Quando termina o fandango e o dia acende o luzeiro
O meu instinto gaiteiro me convida pra andejar
Emparceirando a cordeona me vou pra outro recanto
Mas o resto do meu canto permanece no lugar