Sou de cima da serra parceiro
Companheiro não me leve a mal
Sou da terra dos grandes gaiteiros
Galponeiros de marca e sinal
E se o canto que eu canto te agrada
Já de pronto te conto o segredo
Os gaiteiros lá da minha terra
Tem a alma na ponta dos dedos
Sou da terra do velho bugio
Bicho bruto que fez tradição
Quando abro minha gaita em compasso
A noite vai num laçaço na luz do lampião
E minh'alma gaudéria se agranda
Sinto o pelo vibrar em arrepio
Vou tocando com força no braço
E foi assim que o gaitaço um dia surgiu
E o bugio que não vai em fandango
Ronca triste na beira do mato
Eu que sou lá do fundo da serra
E conheço este bicho de fato
Cantor taura da minha querência
Ronca grosso desafiando a invernia
E alheio a maldade do homem
Se desmancha a fazer sinfonia