Recordando meu passado até me dói no coração
No tempo de moço novo fui um gaúcho pimpão
Eu laçava nas coxilhas, derrubava nos galpão
Coisa que eu mais gostava era montar num redomão
Gauchadas que fazia hoje eu não faço mais
Quem atende a fazenda é o Zequinha, o Capataz
De montar num potro xucro nem isso eu sou capaz
Só me resta a lembrança dos meus tempos de rapaz
Chegava mês de setembro, quando esquentava o tempo
Eu saia nas fazenda com meu lacinho nos tentos
No meu cavalo tostado e o meu cachorro corta vento
Trabalhava o mês inteiro, tinha sorte e muito atento
As vezes lá na fazenda em baixo do caramanchão
Bebendo, ai um acanha ou tomando um chimarrão
Eu conto minhas proezas pros rapazes e os peões
Me lembro daqueles tempos que nunca mais voltarão
De bota, bombacha e espora, assim é que eu fui criado
De coxilha em coxilha em meu cavalo montado
Hoje toco minha gaita e muito tenho viajado
Por esse Brasil afora muito eu tenho cantado
Mas quando eu vejo um ginete ou gaúcho numa festa
A saudade no meu peito de mansinho manifesta
Recordando meu passado quebro meu chapéu na testa
Eu também já fui bom é o consolo que me resta