Bailão popular é um rodeio parado
Junta os desgarrados, esparrela e tarquinos
Naquele entrevero de china e retosso
Onde o índio mais grosso entreva com os finos
Olhando por cima se nota que ali
Tem do pedigree até o gafuringo.
Convida no radio e leva quem quiser
A esposa, mulher, companheira se tem
Carteira social é o que menos importa
Pagando na porta entra e dança também;
Com terno, bombacha, gravata ou espora
Dancem na hora, mas do jeito que vem.
Quem é que não que só num bailão
Tem animação que outro baile não tem
A noite inteira pra frente e pra trás
Faz que vem, mas não vai, faz que vai mas não vem
Por mais que o vivente não saiba dançar
Mas pega a gostar e se mete também.
Índio da campanha que traz a patroa
E algumas coras atirada aos desdeixo
Dança a acarca no som da vanera
Vai a noite inteira botando pros eixos
Um diz pro outro: tá bom, tá especial
E algum índio bagual só bulindo dos queixos
Bailão popular tem muito valor
Pra o trabalhador refazer energia
Remédio pros nervos de baixo até em cima
Fugir da rotina no seu dia a dia.
Só se diverte, não tem compromisso;
Depois do serviço a ressaca judia.