No alto do céu a Lua, já se esconde
Vendo o Sol no horizonte, vejo o dia clarear
Mestres-salas se aprontam
Se afinam instrumentos
E se escutam os lamentos
De quem quer só desfilar
Queijadas e balões, deambulando a marginal
Bandejas e garçons, feito baianas a rodar
E ziguezagueando essa avenida
Num canto uma passista chora
É samba, sem pé pois já caiu no samba
A fé de acreditar no samba
É tanta, vontade perdida
De fazer um dia o samba melhorar
Pra nunca mais se acabar
É o grito de esperança ao nosso carnaval
Bela manhã, a maresia no ar
É lindo o amanhecer, sentado à beira do mar
Chão empedrado de dor, não ameniza a alma
Olhai por nós meu senhor, nos salva
Recordo velhos Carnavais
Daqueles que não tem mais, da madrinha Beija-Flor
O lixo do pobre virou, na avenida um esplendor
Era o luxo do João, hoje sou
Mendigo do samba
E na corda bamba, eu vivo também
Quero dançar a noite inteira no salão
Sorrir ao mascarado e abraçar o irmão
Lavar roupa suja pra quê
Qualquer dia na batalha, só vai estar eu e você
Agora, brincamos nós
Hoje o Bota faz a festa pra ninguém ficar a sós
Vem ser feliz, festejar na zoeira
Pra jogar conversa fora, só depois da quarta-feira