Eu vim de muito longe pra contar
Que bebi de cada fé
E brindei por gerações
Divino amor profano a saudar
Vários deuses num lugar
Diversas religiões
Embriagado evoquei a liberdade
Sem qualquer solenidade
Dos pudores, me despi
Prosperei pela colheita
Ao chegar a nova era
Dei o tom da primavera
Da poeira floresci
Fui o Sol nas cordilheiras
Vi o mal exorcizado
Candeeiro em Lua cheia
O menino cultuado
Canto a força dos romeiros
O clamor das legiões
Levo as cores do meu manto
À maior das procissões
Santifiquei os guardiões em festivais
E dancei nos rituais, levo a sorte do destino
Dei oferendas, joguei flores, fui benzer
As barreiras que encarei pra vencer o desatino
Sincretizei a crença de um país inteiro
Fui a vela dos altares, cantei ponto nos terreiros
Dei um baile na saudade, vi a morte colorida
Renasci na eternidade, transcendi a própria vida
Axé dos fevereiros, fantasia imortal
Dos pecados brasileiros, o sagrado é carnaval
Evoé, povo do samba, sou devoto da folia
Batizado azul e branco no altar da boemia
Deixa passar o cortejo mais fiel
Eu levo fé na festa da Vila Isabel