Recebi uma cartinha, veio de Três Coração
De uma moça da cidade fazendo reclamação
Diz que anda sentida com esses forgazão
Por nós sensurá o namoro em portão
Para a senhorita eu peço perdão
Pois não era essa a nossa intenção, ai
É coisa que eu sigo já por tradição
Mocinha educada e de linda feição
Nem com uma flor eu faço judiação
Vejam só as moça do sítio
Que tem a pele queimada
São que nem a flor do campo
No rigor acostumada
Pela criação são meia acanhada
Mas não vão na lábia dos conversa fiada
Quando é no domingo se põe na pomada
Logo vem o noiva a galope na estrada, ai
É um moço direito sem vício de nada
Já tem quatro arqueire de roça plantada
E a sua viola é o cabo da enxada
O namoro lá na roça tem outro regulamento
Pro rapaz falar com a moça pede o consentimento
E assim mesmo o namoro é da porta pra dentro
Com todo respeito e sem agarramento
O véio de perto que nem monumento
Com o rabo dos zóio segue os movimento
Pra roubar um beijinho é mesmo um tormento
E o caboclo vendo que não marca o tento
Remédio que tem é só casamento
Pra pôr o pingo no í
Neste ponto eu arremato
Respeito e sinceridade
Viva o povo lá do mato
Uma moça só casa se ama de fato
Disposta a enfrentar até os mal trato
Se apega nos filhos que nem carrapato
Respeita o marido evitando os boato, ai
Porque neste mundo tirano e ingrato
É sempre os filhos é quem paga o pato
Quando um casal vive que nem cão e gato
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)