Recordando meu passado
Fiquei triste de repente
Lembrei meu sertão amado
Onde eu vivia contente
Vendi tudo que eu tinha
Meu pedacinho de chão
Eu vendi minhas vaquinhas
E meus bois de estimação
Vivo muito aborrecido
Também muito arrependido
Em ter deixado meu sertão
Nunca mais voltei pra roça
Mas ainda sou caipira
Eu prefiro uma palhoça
E uma dança de catira
Do que toda a vaidade
Que existem pelas ruas
As mocinhas da cidade
Dizem que estão nas suas
Tudo é muito esquisito
E certos pais acham bonito
Ver as filhas quase nuas
Para todos canto e digo
Que vivo na agonia
A cidade é o meu castigo
Apesar da mordomia
O barulho me enlouquece
Também me causa pavor
Tudo aqui me aborrece
Para mim nada tem valor
Tudo isto é um inferno
Não nasci pra ser moderno
Nem pra viver de favor
Minha velha não concorda
Com meu modo de pensar
E também sempre discorda
Quando eu valo em voltar
É só mágoa e dissabor
De tristeza clamo e choro
Necessito elevador
Pra chegar aonde moro
Oh! Virgem Santa Maria
Me faça voltar um dia
Pro sertão que tanto adoro