declamado:
(“Na fazenda Boqueirão há muitos ano passado
Assucedeu este fato que abalou o povoado
Ainda tinha escravidão no nosso Brasil amado
E os pretos tudo em leilão pelos homens era comprado
Existia na fazenda uma escrava bem trigueira
Por ser linda a danada tinha o nome de Faceira
O sinhô se apaixonou por essa escrava que digo
Seu amor foi criminoso também teve o seu castigo
A sinhá que descobriu pôs a culpa na mulata
Amarrou ela num tronco e lhe bateu de chibata
A mulata lá no tronco dava pena inté de oiá
Mas escute o castigo que arrecebeu a sinhá”)
Faceira tava doente, ia ser mãe a criatura
E num tronco amarrada foi a sua desventura
Pois seu filho ali nasceu tendo o céu por cobertura
No outro dia os escravo abriu duas sepultura
O sinhô desesperado quando viu o que assucedeu
A correr e a gritar a memória ele perdeu
A marvada da sinhá o castigo arrecebeu
Ficou muda de repente, sem falá ela morreu
Isto foi acontecido na fazenda Boqueirão
Se passou há muitos anos, no tempo da escrividão
Mas quem passa na fazenda sente triste o coração
Pois o sangue dos escravo não saiu ali do chão
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)